As execuções na Coreia do Norte não são novidade para ninguém. Mas dessa vez foi diferente: foi a primeira vez que um líder que ocupava cargos altos no exército e no governo foi preso e morto em tão pouco tempo. E em vez de lavar roupa sujaquietinho, o regime decidiu anunciar com todas as letras através da TV estatal KCNA.
O sujeito era o braço direito de Kim Jong-un, e foi acusado de armar um complô e tentar dar um golpe no sobrinho. Para enfeitar mais as acusações, o jornal Nodong Shinmun também relatou que Jang Seong Taek andava com muitas mulheres -- regra que, se fosse aplicada dos dois lados da fronteira pra valer, não sobravam muitos políticos vivos para contar a história. De qualquer forma, o que vem a seguir é uma incógnita.
Rumores dizem que a turma que Jang organizava para o golpe conseguiu escapar para a China. Mas deixa transparecer que o regime está mais enfraquecido do que nunca, e justamente por isso o governo falou abertamente sobre a execução, para servir de exemplo e mostrar que tem o controle firme da situação. Quanto ao fato de ser um membro da família de Kim Jong-un, isso é totalmente irrelevante num país em que pais delatam filhos, e vice-versa, para tentarem conseguir algum privilégio e mostrar lealdade.
Através de relatos de desertores, percebemos que a desumanização das relações é tão grande que muitos dizem nunca ter recebido afeto familiar. O próprio irmão mais velho de Kim Jong-un, Kim Jong-nam, nunca conversa com ele, e foi banido do país pelo próprio pai. O filho de Kim Jong-nam, neto de Kim Jong-il, disse numa entrevista que nunca conheceu o próprio avô, e até a adolescência nem sabia que ele era o líder do país.
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A Coreia do Norte anunciou nesta quinta-feira (12) a execução do tio do ditador do país, Kim Jong-un, sob acusação de traição. A informação foi divulgada pela Agência Central de Notícias norte-coreana, KCNA, que é estatal.
Jang Song-thaek, de 67 anos, era considerado o número 2 no poder e o "mentor" do jovem Kim, mas foi retirado do cargo no início do mês sob alegações de corrupção, uso de drogas, prática de jogos de azar e vida "depravada" (foi chamado de "mulherengo"). Ele era casado com uma tia de de Kim Jong-un, chamada Kim Kyong-hui, irmã mais nova do pai do ditador.
Song-thaek foi condenado à morte por um tribunal militar da Coreia do Norte, e a sentença foi cumprida imediatamente nesta quinta, anunciou a KCNA.
O governo do país anunciou a execução chamando o ex-líder de "mentor de uma traição" e "pior que um cachorro".
"Ideologicamente doente, extremamente ocioso e displicente, consumia drogas e desperdiçava dinheiro nos cassinos durante viagens ao exterior pagas pelo partido", acusou a KCNA.
No momento de sua detenção, Song-thaek foi acusado de cometer "atos criminosos" e de liderar uma "facção contrarrevolucionária".
O anúncio da execução ocorre alguns dias após o governo de Pyongyang anunciar que Song-thaek havia sido retirado do cargo. Ele estava incumbido de ajudar Kim Jong-un, de 30 anos, a consolidar o poder depois da morte do pai, Kim Jong-il, há dois anos.Song-thaek era vice-presidente da Comissão de Defesa Nacional, principal órgão militar do país, até ser afastado no dia 3. Essa comissão é o órgão mais importante na tomada de decisões da Coreia do Norte.A destituição havia sido o ato político mais significativo no regime stalinista norte-coreano desde a chegada ao poder de Kim Jong-un, em dezembro de 2011, depois que seu pai morreu vítima de um infarto.
A situação de Song-thaek havia sido alvo de boatos em 2009, 2010 e 2011, após ser alvo de acusações de corrupção e passar, em 2004, por uma "reeducação" (trabalhos forçados) em uma siderúrgica – procedimento habitual no jogo de poder da Coreia do Norte.A influência de Song-thaek voltou a crescer após o derrame cerebral de Kim Jong-il, em 2008, e com sua morte, três anos depois.Os meios de comunicação norte-coreanos convocaram a população a se unir em torno de seu líder, Kim Jong-un, e o jornal "Rodong Sinmun" lembrou que o país "jamais perdoa os traidores".Os analistas estimam que a execução do segundo homem mais influente da Coreia do Norte pode desestabilizar o país. Kim Jong-un também gera preocupação entre os analistas e entre os rivais norte-coreanos – Coreia do Sul, Japão e EUA.Antes dele, Kim Jong-il presidia o país desde a morte, em 1994, de seu pai, Kim Il-sung, fundador da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), em 1948.
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Créditos: DeProsaNaCoreia
G1.globo
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