domingo, 8 de setembro de 2013

Curiosidades - Ritos Funerários Tradicionais* na Coreia do Sul

Os Ritos funerários tradicionais revelam muito sobre como os coreanos encaram a morte e, em particular, como eles lidam com a morte de um familiar próximo, que tenha falecido por doença ou de causas naturais, fora do conforto de seu lar. Podemos começar por lembrar que a honra da família é um exemplo de valores, passados de uma geração para outra, sempre seguindo as tradições. O Confucionismo ensina que a família é o mais importante de tudo.
- O pai é o chefe da família e sua responsabilidade é de fornecer a alimentação, roupas e abrigo e também aprovar os casamentos de  todos os membros da família. 
- O filho mais velho tem deveres, primeiro para seus pais, em seguida para seus irmãos, do mais velho ao mais jovem (sempre nessa ordem), em seguida  aos filhos, e por ultimo a sua esposa.  Isso é observado até hoje na maioria das famílias.
- O bem estar da família é muito mais importante do que as necessidades do indivíduo.
- Os membros da família estão ligados uns aos outros por que as ações de um membro da família reflete sempre sobre todos.
Os ritos funerários tradicionais são um longo processo, o qual depende se a pessoa falece dentro de casa ou não.  Se a pessoa estava longe de casa, significa que a sua alma vai vagar e se tornar um fantasma.  Por causa disso, as famílias tradicionais fazem de tudo para a pessoa morrer em casa e não isoladamente.
De acordo com os padrões de Confúcio, apenas as pessoas do mesmo sexo podiam testemunhar uma morte.  Assim sendo um marido não podia estar presente na morte de sua esposa e vice-versa.  Esse rito aplica-se até hoje em algumas famílias.
Após a morte de um ente querido, os enlutados usam roupas bem simples.  O homens vestem casacos sem mangas e as mulheres não usam jóias ou acessórios e não penteiam o cabelo.  Com o casaco do(a) falecido(a), um dos parentes vai ao telhado da casa para chamar o nome do morto três vezes, depois voltando para cobrir o cadáver com o mesmo casaco.  Esse ritual é chamado de “Chohon” ou “gobok”.  Esse rito não é seguido por todos, porem todos o conhecem por ser uma tradição antiga.
O primeiro filho do falecido assumiria o papel do “SangJu”, que é o mestre de cerimonia.  Isso acontece ainda hoje, onde ele usa um terno preto simples com uma fita preta de pano na manga, significando que ele esta de luto.  Hoje em dia, as mulheres usam uma pequena fita no cabelo.  Antigamente todos os parentes usavam essa fita, mas hoje cada família faz de um jeito.  Você poderá ver vários membros da família usando a fita ou apenas os filhos do falecido. 
Normalmente, no dia seguinte após à morte, iniciam os preparativos para o enterro.  O primeiro desses preparativos é chamado de Seup, que envolve dar banho e vestir o cadáver, que era geralmente feito em uma casa funerária. Os coreanos não embalsamam os mortos. A água do banho é perfumada e depois de limpo e seco, o cabelo do cadáver é penteado e, qualquer cabelo caído é cuidadosamente recolhido.  As unhas são cortadas e todas coletadas. O cabelo, caso tenha sido cortado, é colocado em cinco bolsas pequenas chamadas de “joballang” e depois de juntar tudo, são colocados dentro do caixão, ao lado do corpo. Antigamente o cadáver era alimentado com três colheres de arroz, a colher tinha que ser feita de madeira.
- Na primeira colherada a pessoa mais próxima do falecido gritava, “Ilcheonseogiyo”, que significa mil sacos de arroz.
- Na segunda e terceira colherada, o homem faria mais chamadas para mil sacos de arroz e algumas moedas poderiam ser colocadas dentro do caixão.
Acreditava-se que a viagem da alma falecida para o próximo mundo seria facilitada pelo arroz e o dinheiro que a família havia concedido ao falecido.
“Seup” seria seguido pelo processo de “Yeom”, aonde o corpo é enrolado em um tipo de linho ou as vezes em uma seda chamado de “suui”. Depois que o cadáver é vestido no “suui”, seria, então, envolvido com um tecido acolchoado chamado “yeompo” feito de cânhamo, o cadáver seria então amarrado com um cordão sete vezes antes de ser colocado no caixão.
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 Após esse rito todo, ninguém mais vê o falecido.  O caixão fica atrás de uma partição aonde a família recebe os convidados e apenas a foto do falecido fica exposta acima de uma mesa com incenso e flores.
Em geral funerais coreanos durão três dias.  Também baseado numa variedade de fatores, que antigamente incluía o status social da família, a posição social do morto, e assim por diante, podendo durar mais tempo. No século 18, a duração de luto era de mais de um mês para os estudiosos. Outros duravam dias ímpares (três, cinco ou sete dias).
No último dia, o cortejo fúnebre era realizado. Tradicionalmente, o “Sangju” e seus parentes carregavam o caixão o caminho todo até chegar ao local do enterro, mas claro que hoje se usa um carro funerário ou na maioria das ocasiões um onibus. O caixão é levado para um cemitério pré-estabelecido, que é perto dos locais de outros membros da família. 
Normalmente, uma família é proprietária de um pequeno terreno na montanha e que vai servir como cemitério para toda a família, passado, presente e futuro. A grande maioria dos coreanos sabem exatamente onde eles serão enterrados após a sua morte.
Antes de sair em direção ao cemitério, uma curta cerimônia é realizada em honra do falecido, contando sua história, e os convidados elogiavam e ofereciam incenso.

Fonte: Bom Dia Seul

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